#CelebrityBiografias - Edição 2 - Regina Duarte.




Regina Duarte com Tarcísio Meira e Glória Menezes - Imagem: Isabella Pinheiro/Gshow.

 
 
Por Calil Neto - Atualizado - 28 de novembro de 2016.

A atriz Regina Duarte é uma das minhas atrizes favoritas e em 2015 completou 50 anos de carreira, difícil marca de um ator conseguir conquistar. Com 3 filhos e hoje com 6 netos, ficou conhecida como a namoradinha do Brasil e ícone da liberação feminina, na década de 70. É ela quem está no Celebrity Biografias - Edição 2. Um dos maiores destaques da carreira da atriz foi Viúva Porcina, na novela de sucesso Roque Santeiro de 1985. A consagrada atriz nasceu em Franca, interior de São Paulo, no dia 5 de fevereiro de 1947. 

A primeira personagem de Regina Duarte no Teatro do Estudante, em Campinas, foi o Palhaço de O Auto da Compadecida, de Ariano Suassuna, e foi a partir daí, que decidiu de vez ter como profissão a carreira de atriz. 

Em 1969, estreou na TV Globo, no papel de Andréa, em Véu de Noiva, de Janete Clair. Na novela fez um par romântico com o ator Cláudio Marzo, que viria a se repetir em Irmãos Coragem de 1970 e Minha Doce Namorada de 1971. A consagração de sua carreira veio em 1972, fazendo par com Francisco Cuoco em Selva de Pedra, também de Janete Clair, transformando Regina Duarte em uma das atrizes mais queridas de nosso país Em seguida, a atriz faria duas outras novelas de sucesso: Carinhoso de 1973, de Lauro César Muniz, e Fogo sobre Terra, de 1974, interpretando uma deficiente visual. 
 
Para romper a imagem de mocinha dócil e comportada da TV, Regina Duarte decidiu voltar ao teatro em 1975, interpretando uma prostituta na peça Réveillon, de Flávio Márcio, dirigida por Paulo José. Segundo a própria, foi aí que ganhou o apelido de “namoradinha do Brasil”: “Logo depois que estreei Réveillon, que rendeu o que falar, dei uma entrevista para as páginas amarelas da revista Veja e o título era: 'A ex-namoradinha do Brasil'. Foi a primeira vez que eu me recordo de ter lido esse título se referindo a mim, mas já como 'ex', porque eu já estava rompendo com essa imagem, daquela moça sempre igual, que vinha fazendo nos últimos anos”, diz. Na televisão, o rompimento veio com a novela Nina, escrita por Walter George Durst e exibida em 1977, na qual interpretava uma professora dos anos 1920, com ideias muito moderninhas para o momento.

Regina Duarte em Selva de Pedra de 1972 - Imagem: TV Globo



Em 1978, interpretou Branca Dias na peça O Santo Inquérito, de Dias Gomes, com sucesso de crítica e de público. Em 1970, protagonizou o seriado Malu Mulher. Foi ela mesma quem escolheu o nome da personagem, para simbolizar o fim de um ciclo em sua vida profissional, pois também se chamava Malu a mocinha que interpretou em sua primeira novela, A Deusa Vencida. Malu Mulher inaugurou uma nova etapa na história da televisão brasileira. A série, que discutiu com franqueza temas polêmicos ligados à condição feminina, teve grande audiência no Brasil e foi vendida para mais de 52 países. Pela primeira vez, falou-se abertamente sobre orgasmo, masturbação, homossexualismo masculino e feminino e aborto: “Eu sinto que nos dois anos de Malu cresci, amadureci como pessoa uns dez. Eu levaria dez anos para experimentar ou refletir sobre todos aqueles temas que o seriado me propunha na época. Foi muito importante para o meu desenvolvimento pessoal, o que acabou se refletindo, de uma maneira ou de outra, no meu trabalho de atriz”, conta.


Depois de dois anos vivendo Malu, Regina foi convidada a voltar às novelas de Janete Clair, refazendo a dupla romântica com Francisco Cuoco. Interpretou a personagem paranormal Luana Camará, em Sétimo Sentido. Após uma participação especial em Guerra dos Sexos de 1983, pediu demissão da Rede Globo, e se dedicou a produzir Joana, uma série independente exibida na extinta e saudosa TV Manchete e, posteriormente, no SBT. A atriz voltou à emissora em 1985 para viver a sua personagem mais popular, a Viúva Porcina de Roque Santeiro, que representou outra importante virada na trajetória da atriz ao revelar sua vertente cômica. “Eu me diverti demais. Com a Porcina, eu aprendi a ter uma atitude positiva, de autoestima, de acreditar que não temos que ficar acanhadas, que não temos que ficar presas a convenções. Para mim, a Porcina é sinônimo de alegria e de liberdade como mulher. E também me ensinou muito, porque eu era toda ton sur ton, toda recatada, tímida, só usava o brinco que combinava com o sapato, com a bolsa. Com a Porcina, eu percebi que podia ser livre, podia usar qualquer cor, que não havia regras, o que havia era o desejo de se sentir amada, feliz, de bem com o mundo, com a vida”, diz.

Após Roque Santeiro, Regina Duarte quis experimentar a sua veia cômica também nos palcos com Miss Banana –  espetáculo escolhido para reinaugurar, em 1986, o Teatro Carlos Gomes, no Rio de Janeiro. No ano de 1988, a atriz foi chamada para participar, pela primeira vez de uma novela de Gilberto Braga, Vale Tudo, interpretando Raquel Accioli: "Vale Tudo foi realmente um momento muito importante para mim, porque eu tinha feito Roque Santeiro e tinha muito medo. Porque é muito complicado para um artista fazer um trabalho após um grande sucesso, uma unanimidade como tinha sido o Roque Santeiro. Então Gilberto Braga me fez uma proposta de um personagem encantador, irresistível, que foi a Raquel Accioli. Vale Tudo veio e me deu toda a força, no sentido de que eu podia acreditar que tinha muita coisa ainda para fazer depois da Viúva Porcina, ou além da Viúva Porcina. Também acho que a novela sacudiu um pouco as mentes a respeito de termos que lidar o tempo todo com a impunidade, a negligência e a fragilidade moral”, conta. Depois, fez a Maria do Carmo de Rainha da Sucata de Sílvio de Abreu. Logo depois, no teatro, produziu A Vida é Sonho, de Calderón de La Barca. Dirigida por Gabriel Vilella, a peça foi bastante elogiada pela crítica.


Em 1993, a atriz protagonizou a série Retrato de Mulher, dirigida por seu marido, Del Rangel. Participou em 1996, pela primeira vez, de uma novela de Manoel Carlos. Sua bela relação com o autor rendeu o convite para participar de Por Amor no ano seguinte, interpretando novamente a protagonista Helena. Foi quando contracenou pela primeira vez com sua filha, Gabriela Duarte: “História de Amor eu não queria que acabasse nunca. Eu cheguei a dizer para o Boni: 'Não dá para ficar como aqueles seriados de antigamente, que duravam cinco, dez, 15 anos?' Eu queria ficar fazendo História de Amor para sempre. Ele ria e dizia: 'Não. Tem que acabar. Mas a gente faz outra depois'. E, realmente, um ano depois, ele me chamou para fazer o que, para mim, era História de Amor 2, mas que teve o nome de Por Amor. E ainda chamou a Gabriela para fazer a minha filha. Foi o máximo!”, lembra a atriz. 

A atriz em Roque Santeiro de 1985 - Imagem: TV Globo


 
Em 1998, Mãe e filha voltaram a atuar na minissérie Chiquinha Gonzaga, de Lauro César Muniz. As duas interpretavam a mesma personagem em diferentes fases da sua vida. Em 2000, as duas trabalhariam novamente juntas na peça Honra, dirigida por Celso Nunes.  Em 2012, Regina Duarte interpretou a estilista Andréa Vargas na novela Desejos de Euclydes Marinho. Em 2006, fez Páginas da Vida, novamente com Manoel Carlos, vivendo pela terceira vez a protagonista Helena. Em seguida, atuou como Waldete em Três Irmãs de Antônio Calmon, em Araguaia, de Walther Negrão, e em 2011 como a personagem Clô Hayalla na segunda versão de O Astro.

Regina Duarte estreou no cinema em 1968, em Lance Maior, de Sylvio Back. Também fez a ficção científica Parada 88, o Limite de Alerta (1977); O Homem do Pau-Brasil (1982), de Joaquim Pedro de Andrade;  e Além da Paixão (1985), de Bruno Barreto, entre outros.

Em 2012, Regina Duarte estreou em nova função, como diretora da peça Raimunda, Raimunda, de Francisco Pereira da Silva, na qual também atuou como protagonista. Na plateia, seus três filhos, André, Gabriela e João, e o público que lotava o teatro do Centro Cultural Banco do Brasil, no Rio de Janeiro, todos aplaudiram de pé. Em 2015, a atriz Regina Duarte interpretou uma personagem gay em Sete Vidas, de Lícia Manzo. Em 2016, Regina Duarte faz a personagem Suzana, na novela das 21 horas, A Lei do Amor, trama de Maria Adelaide Amaral e Vincent Villari. A filha Gabriel Duarte, interpreta Suzana na primeira fase da novela. No ano de 2017, faz na novela das seis Tempo de Amar, de Alcides Nogueira, e direção artística de Jayme Monjardim, a personagem Madame Lucerne.


Mãe e filha novamente juntas em A Lei do Amor em 2016. Imagem: Raphael Dias/Gshow


Pesquisa e texto – Jornalista: Calil Neto

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